domingo, 17 de abril de 2011

Tempos, apenas tempos.

Fazem-nos crer que estamos em tempo de crise economica. Sim, parece que estamos, não tenho argumentos para dizer o contrário. Mas, verdadeiramente, quantos de nós portugueses nunca experimentarem ao longo da sua vida uma série de crises? Nisto de crises já somos "catedráticos". Aguentamos todos os disparates das nossas elites económicas e financeiras que sempre se aliaram à burguesia estrangeira para ganharem umas royalties (lindo termo para esconder uma cáca) à nossa custa, em vez de confiaram em nós enquanto trabalhadores e consumidores. Aguentamos "as visões sociais" dos nosos lideres políticos que nos prometem o céu, quando sabem que já têm concorrência. Nós fingimos acreditar no céu que nos prometem para ir na onda e nos abotoarmos a umas migalhas, ou acreditamos mesmo porque somos boas pessoas.
Bom, venha lá essa crise porque não temos outro remédio, mas enquanto ela não chega, a sério, porque há por aí uns senhores a fazer e desfazer contas, olhem para imagem abaixo, que pretende perpétuar a natureza que se transforma ao contrário de nós, que não aprendemos a transformarmo-nos.

1 comentário:

Marcos disse...

Caro José,
O problema crônico de deturpação da verdade e manipulação ideológica, de cada vez mais difícil (impossível?) solução que tanto o Brasil como Portugal enfrentam nos dias atuais é apenas um - embora seja, evidentemente, o mais grave e o mais perigoso - reflexo de um processo de dominação social e intelectual de caráter global que se encontra em curso desde pelo menos os idos dos anos entre-guerras, um processo cujo nome parece mudar de forma protéica, ao sabor das conveniências pessoais dos que o controlam e das circunstâncias políticas do momento, e que a maior parte da grande mídia e dos chamados "formadores de opinião", ou por uma ingenuidade digna de Polyanna, ou por pura má-fé, teimam em mascarar com singelos eufemismos politicamente corretos, que produzem um efeito anestésico nas massas e não as permitem enxergar nem as correntes nem os grilhões com que, num ritmo cada vez mais acelerado e vertiginoso, elas têm sido envoltas. Em nome da "democracia" (uma democracia fictícia, espetacularista, midiática)prega-se a onipotência do indivíduo como portador de "sua" verdade. Sob a bandeira assaz louvável e respeitável da "tolerância à diversidade", abre-se um leque infinito, labiríntico, indiscernível, de verdades possíveis (opiniões pessoais expressas como dogmas intocáveis)que, na soma geral, acabam sempre por gerar resultados negativos. Pois num ambiente em que todas as crenças e opiniões são válidas, não há e nem pode haver verdades concretas, afinal como saber qual crença ou opinião corresponde à verdade "real"?
A produção, em escala industrial, da mentira, é o primeiro passo para a domesticação do intelecto e a bovinização completa da sociedade. A diluição da verdade, com base na negação sistemática de seus fundamentos primordiais, sua fragmentação e segmentação em castas ou classes sociais, e sua completa relativização, adotando o que muitos - erroneamente - chamam de "democratização do saber" (belo eufemismo para a destruição dos valores humanos mais elementares), como parâmetro para medir o grau de veracidade de uma determinada área do conhecimento, são sintomas flagrantes do processo supramencionado, que, sob outros nomes, já foi experienciado, por exemplo, pelo povo alemão no período imediatamente anterior à eclosão da Segunda Grande Guerra. Hoje somos nós que o vemos se desenvolver ante nossos olhos, mas, por puro medo, ou simples comodismo (pseudo)intelectual, nos recusamos a enxergar claramente suas reais implicações. No Brasil, este processo pode ser perfeitamente delineado desde o advento das hostes lulescas ao poder e, em Portugal, a trupe socrática têm sido, por enquanto, muito bem-sucedida no representar o papel de "vítima da oposição" no jogo eleitoral, usando o povo lusitano como escudo e massa de manobra para alcançar seu projeto de perpetuação no poder, usando a tática do terrorismo econômico para manipular o processo democrático segundo seus interesses.
A lucidez é um bem escasso no tempo presente e o abismo está logo ali na frente, só não o vemos porque o motorista que para lá nos conduz carrega consigo passageiros propositalmente cegos.
Grato pelo comentário inteligente. Um forte abraço deste que vos fala da outra margem do Atlântico.