quarta-feira, 11 de maio de 2011

Dinheiro

Hoje, fui a uma loja de um artífice sapateiro para concertar uns sapatos. É uma loja à antiga portuguesa; nada daqueles "super-rápidos" impessoais que nos tratam como "pastilha elástica".
Juntamente com o artífice sapateiro estavam mais dois velhos à "cavaqueira".
Boa tarde - Disse.
Boa tarde - Responderam.
Um dos velhos disse: - Vamos lanchar.
Não me digam que estavam á espera do meu pagamento para irem lanchar - Disse eu.
Não, mas se quiser pagar, aceitamos. Retorqui um deles. E logo de seguida: - Sabe o que é o dinheiro?
É um instrumento de troca e, hoje em dia, como se vende e compra, uma mercadoria - Disse eu do alto da minha "cagança".
Nada disso - Disse um dos velhos.
Continuando: - É a única merda que não cheira mal a ninguém.
Rimo-nos.
É preciso rir desta merda que não cheira mal a ninguém.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Repetir, repetir, repetir...

No passado recente lia com regularidade,  pelo menos, um jornal semanário e assistia aos noticiários da TV. Actualmente, confesso, não leio jornais e com menos frequência vejo as notícias da TV ou ouço as da "rádio". Estou "enjoado" Tenho a "sensação" que vão buscar todas as notícias à "mesma mercearia". É tudo idêntico. Com estas doses maciças das mesmas "não notícias" acabei por me "desabituar".
Lembro-me da "Laranja Mecânica" e daquelas "sessões terapêuticas" com base em filmes porno e com violência a que foram sujeitos criminosos em "recuperação".
Para convencer é preciso repetir, repetir, repetir sempre a mesma frase, a mesma palava, a mesma sílaba, até impregnar o ouvinte e a multidão. A multidão está, actualmente, em casa à frente da TV. Chega a notícia ou a "não notícia" e ninguém vai perceber e muito menos compreender se é verdade ou mentira. A "postura" (não é a das galinhas) a sonoridade, a frase, a cadência das silabas, os gestos ritmados e o apelo à facilidade e ao "prazer" fazem milagres. Ninguém se interessa por trabalhar e por objectivos que exijam esforço. Cai que nem ginjas na multidão. As multidões não pensam. Querem ilusões e prazeres.

domingo, 24 de abril de 2011

Alienações modernas a cheirar a mofo

Nestes tempos de pausa nos quais se festeja no Mundo Cristão a imolação do Cordeiro, personificada em Cristo, revisitei alguma prosa, à falta de €€,€€ para comprar nova.
Dei de caras com um pequenino livro - A Psicologia da Multidões de Gustavo Le Bon. Foi apresentado numa época, creio que em 1932, quando toda a gente se admirava com as descobertas beahvioristas aproveitadas pelo nazismo. As posições de Gustavo Le Bon foram muito criticadas e ridicularizadas.
Reza assim a páginas tantas: "A Filosofia, apesar de todos os seus progressos, ainda não conseguiu oferecer aos povos nenhum ideal capaz de os encantar. Uma vez que as ilusões lhes são indispensáveis eles voltam-se por instinto, como os insectos que se aproximam da luz, para os retóricos que lhes oferecem essas ilusões." Vale a pena ler. Replicações para quê?
As luzes, os sons inebriantes e as palavras repetidas até à exaustão em cada noticiário, comentário, fazem milagres...Os cordeirinhos seguem para a "matança", alienados.

domingo, 17 de abril de 2011

Tempos, apenas tempos.

Fazem-nos crer que estamos em tempo de crise economica. Sim, parece que estamos, não tenho argumentos para dizer o contrário. Mas, verdadeiramente, quantos de nós portugueses nunca experimentarem ao longo da sua vida uma série de crises? Nisto de crises já somos "catedráticos". Aguentamos todos os disparates das nossas elites económicas e financeiras que sempre se aliaram à burguesia estrangeira para ganharem umas royalties (lindo termo para esconder uma cáca) à nossa custa, em vez de confiaram em nós enquanto trabalhadores e consumidores. Aguentamos "as visões sociais" dos nosos lideres políticos que nos prometem o céu, quando sabem que já têm concorrência. Nós fingimos acreditar no céu que nos prometem para ir na onda e nos abotoarmos a umas migalhas, ou acreditamos mesmo porque somos boas pessoas.
Bom, venha lá essa crise porque não temos outro remédio, mas enquanto ela não chega, a sério, porque há por aí uns senhores a fazer e desfazer contas, olhem para imagem abaixo, que pretende perpétuar a natureza que se transforma ao contrário de nós, que não aprendemos a transformarmo-nos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Go Ahead

Hoje saboreei um pouco desta nossa Primavera portuguesa inspirando o cheiro agreste das maias de cor amarela, do cheiro doce das flores brancas das larajeiras. Regalei os olhos nas flores das macieiras e das cerejeiras...Não estou a fantasiar, é mesmo verdade. São estas pequenas satisfações que dão mais um "colorido" à minha vida. As árvores não mentem, nada exigem e se cuidarmos delas...
Aborrecem-me os ecologistas de pacotilha e do alfasto.
Estar á frente, é impregnarmo-nos desta Primavera e começarmos a cuidar da próxima, todos os dias, como se não morressemos, sabendo que vamos morrer.

Mise en scéne

Chegaram as "andorinhas" com a Primavera, a de Abril, Maio. E agora como vai ser? Como vamos festejar o Abril o do 25 e o Maio, o do 1.º?
As andorinhas, as verdadeiras, cá se encontram na sua labuta pela criação dos seus juvenis. Vão regressar a África lá par o ínicio de Outono. Trabalham, arriscam, sobrevivem.
Nós, gostamos de mise en scéne, vegetamos.


sábado, 9 de abril de 2011

Violência em casa

Como se diz em linguagem corrente, volta e meia, lá temos o tema da violência doméstica e o tema da violência cometida contra os velhos, na comunicação social http://noticias.sapo.pt/especial/violencia_domestica/2011/03/18/agressoes_sangue_em_horario_nobre/index.html
Claro, estes crimes não podem ser "escondidos" têm que ser encarados como um problema social grave à luz do nosso modelo civilizacional e à luz da Carta Universal dos Direitos do Homem. Se também é crime, isso tem de ser levado ao conhecimento das autoridades. No caso da violência cometida contra as mulheres isso é crime público e aí qualquer cidadão deve levar esse facto junto das autoridades policiais ou junto do Ministério Público.
Como problema social grave causa-me algum desconforto ver os meios de comunicação social persistirem no problema de uma forma que configura uma certa agressividade e que pode provocar repulsa, em vez de atenção. Este resultado está representado no filme "Laranja Mecânica", que trata muito bem o problema da violência à luz do behaviorismo. Um fracasso. Não resulta "curar" a violência com visionamentos de mais violência.
Particularmente, gostaria que se analisassem melhor os factores geradores da violência dentro de casa (contra as mulheres, contra os homens, contra as crianças e contra as mulhere e homens velhos), apesar de se saber que alguns estão bem determinados. Também seria oportuno estudar as formas de agir melhor sobre eles, numa lógica preventiva e reparadora.
Analisar a violência em casa e apoiar as vítimas, requer a análise do contexto social onde ela se gera para evitar que as vítimas de hoje sejam os agressores de amanhã. Merece igual cautela qua se olhe para a eventualidade de algumas alegadas vítimas, mesmo velhos, serem verdadeiros agressores.